Para o fim-de-semana, aqui fica um pouco de música. A banda de Sendim, Tabuaço.
E para manter algum rendimento, e aparecer nas tais revistas, mesmo que nas páginas interiores, lá partiu em tournée pelas discotecas do interior de Portugal. Os cartazes anunciavam a sua presença como “Nereida, a exCR7” numa alusão às iniciais e nº de camisola do seu antigo amado. Era como se ela fosse uma espécie de mercadoria, a apresentar numa montra. Nessas festas, jovens e homens maduros encostavam-se a ela, enquanto lhe punham gulosamente uma mão no ombro, para aparecer numa foto. Ela sorria para as câmaras. Para esses homens, surgir numa foto com a “exCR7” era quase como se fossem também eles um pouco famosos. Por breves segundos tinham uma afinidade com o maior futebolista do mundo. Que máximo! Quando amostrassem aquelas fotos aos amigos! Que inveja eles iam ter! Só tinham de ter cuidado para as mulheres, lá em casa, não repararem.
E assim passei eu uma noite de trabalho numa discoteca do Norte. Já madrugada, chegado ao meu carro, um panfleto anunciava para uma outra discoteca a presença da “Mulher-melancia” e da sua dança do Créu. O nome, tal como a foto, era sugestivo. Nunca ouvi falar de tal mulher ou dança. E também esta não tem direito a nome próprio, e muito menos a capa de revista.
-Mulher-melancia, mantém a esperança! Talvez te apareça um famoso. Ou talvez, provavelmente, não. E terás de continuar a levar uma vida de merda para pagar as contas da casa.
Estranho mundo este.
Fotos : Egidio Santos