Estudar e ser uma cientista famosa? Descobrir a cura para uma doença? Não. Isso daria muito trabalho, anos de estudo (que chatice!) e ninguém é capa de revista por descobrir curas para doenças.
E que tal ser cantora de uma banda pop? Percorrer o mundo em tournée? Humm… faltava-lhe a voz ou um manager que soubesse disfarçar essa ausência de qualidades musicais, como em tantas “cantoras” que por aí se vê.
Já estava quase conformada em ser apenas mais uma rapariga entre tantas, cara bonita, mas sem se fazer notar.
Até que apareceu o príncipe! Bom, não seria bem um príncipe. Não tinha um vocabulário muito variado, não tinha sangue azul, mas vendo bem, era melhor ainda.
Afinal aquele que reparou nela era o melhor futebolista do mundo! Tudo se precipitou! De repente era capa de revista em vários países. Todos queriam saber tudo sobre ela. Aparecia em todo o lado. É certo que por vezes não referiam o nome dela. Nas revistas ela não era a Nereida. Ela era a namorada do Cristiano Ronaldo. Mas não se importava muito, afinal aparecia finalmente nas revistas e ainda recebia presentes valiosos do seu querido príncipe.
Até que… o seu amado desapareceu! Cansou-se e passou à “brasa” seguinte.
E a nossa Nereida ficou triste. Ainda foi capa de revista pela separação, mas rápido se começaram a esquecer dela.
Como aproveitar a onda de fama? Bem, não havia muito a fazer. Talvez o Káká?
E para manter algum rendimento, e aparecer nas tais revistas, mesmo que nas páginas interiores, lá partiu em tournée pelas discotecas do interior de Portugal. Os cartazes anunciavam a sua presença como “Nereida, a exCR7” numa alusão às iniciais e nº de camisola do seu antigo amado. Era como se ela fosse uma espécie de mercadoria, a apresentar numa montra. Nessas festas, jovens e homens maduros encostavam-se a ela, enquanto lhe punham gulosamente uma mão no ombro, para aparecer numa foto. Ela sorria para as câmaras. Para esses homens, surgir numa foto com a “exCR7” era quase como se fossem também eles um pouco famosos. Por breves segundos tinham uma afinidade com o maior futebolista do mundo. Que máximo! Quando amostrassem aquelas fotos aos amigos! Que inveja eles iam ter! Só tinham de ter cuidado para as mulheres, lá em casa, não repararem.
E assim passei eu uma noite de trabalho numa discoteca do Norte. Já madrugada, chegado ao meu carro, um panfleto anunciava para uma outra discoteca a presença da “Mulher-melancia” e da sua dança do Créu. O nome, tal como a foto, era sugestivo. Nunca ouvi falar de tal mulher ou dança. E também esta não tem direito a nome próprio, e muito menos a capa de revista.
-Mulher-melancia, mantém a esperança! Talvez te apareça um famoso. Ou talvez, provavelmente, não. E terás de continuar a levar uma vida de merda para pagar as contas da casa.
Estranho mundo este.
Fotos : Egidio Santos
4 comentários:
melancia ao poder!
A "mulher-barbuda" hoje é mais ousada. Ou mais rebaixada?
Vidas de merda - classificou muito bem.
Pobre Mulher-Melancia!... Pobres de nós a cruzarmos com ela em jornais e em "festas"...
Para ser justo, devo dizer que dona melancia, assim como a tal dança do créu, são crias deste Rio de Janeiro em que vivo - mas não me orgulho disso nem um pouco...
"estranho mundo este" - concordo perfeitamente...
a nossa sociedade cada vez me parece mais retrógrada e doentia...
o nosso mundo é definitivamente estranho...
Enviar um comentário